Como seria fácil se pudéssemos voltar aos primeiros séculos e sanar todas as dúvidas que
enfrentaram muitos teólogos cada um a seu tempo, perguntar diretamente a Cristo sobre sua natureza, se
ele com o pai eram consubstanciais, se Thiago era mesmo seu irmão e filho de
Maria, se Deus de fato salvará a todos inclusive o Diabo, etc.
Essas perguntas enriqueceram o
estudo da teologia nos primeiros séculos, porém muita gente foi morta por essas
diferenças também. Acreditamos que Deus é o Senhor da história, não
necessitando, portanto de favores humanos para existir.
Foi na forma humana que ele se
manifestou, foi aos homens que ele se revelou, e foi pelos homens que ele
morreu na pessoa de Cristo.
Enquanto ele estava orando à
parte achavam-se com ele somente seus discípulos; e perguntou-lhes: Quem dizem
as multidões que eu sou?
Responderam eles: Uns dizem:
João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros, que um dos antigos profetas se
levantou. Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo
Pedro, disse: O Cristo de Deus.
(Lc 9:18-20).
Que personagem intrigante foi
esse chamado de Jesus Cristo? Como uma pessoa comum seria capaz de gerar tanta
polêmica? Não vemos tanta polêmica ao redor de Cristovão Colombo, quase ninguém
duvida que ele tenha descoberto a América. Pouca gente duvida dos livros de
História. Ninguém questiona as afirmações das descobertas de Galileu, Newton.
Todavia um homem, filho de carpinteiro nascido em Belém foi o mais comentado,
estudado, criticado e muitas vezes ridicularizado personagem que o mundo já viu.
Mesmo na sua época todos queriam deixar registrada sua opinião a respeito
daquilo que esse homem fazia, quem ele era. Em suas próprias palavras descritas
nos versículos do texto citado anteriormente ele pergunta: “Quem dizem as multidões que eu sou?”, tamanha era a curiosidade
que causou nas pessoas já de sua época. Loucura seria afirmar a não existência desse
homem, seja pelo impacto histórico que causou ou pela quantidade de literatura
gerada por causa dele, embora o próprio Jesus provavelmente nunca tenha escrito
nada. São fatos que nos fazem respeitar e desejar conhecer cada vez mais da
vida desse homem.
Sua história pode ser conhecida
hoje por intermédio dos textos bíblicos que facilmente temos ao nosso dispor, porém nem sempre foi assim. Muitos morreram para levar a mensagem deste homem adiante pois, embora ele
tenha vivido entre nós, o texto bíblico nos narra que seu ministério terreno
teve um fim, ele morreu, ressuscitou ao terceiro dia e foi elevado aos céus. Todavia aquilo que parecia o fim de um movimento foi apenas a continuação da
maior saga da humanidade rumo à reconciliação divina.
Nas palavras de Gamalieu no livro
de Atos lemos:
Agora vos digo: Dai de mão a
estes homens, e deixai-os, porque este conselho ou esta obra, caso seja dos
homens, se desfará; mas, se é de Deus, não podereis derrotá-los; para que não
sejais, porventura, achados até combatendo contra Deus.
(At 5:38-39).
Historicamente o que aconteceu depois explica
a resposta que Gamalieu almejava quando questionado pelos judeus. Jesus Cristo
mesmo depois de sua morte carnal foi capaz de dividir a história humana entre antes
e depois dele. Os fatos que aconteceram posteriores a sua morte culminaram no
desenvolvimento da maior religião do mundo, o Cristianismo.
Foram muitas as batalhas dos primeiros Cristãos para
que os ensinamentos de Cristo fossem mantidos coerentes com o que fora
realmente ensinado, hoje temos dificuldade e muitas vezes má vontade de
analisar o pensamento destas pessoas tão importantes que viveram nos primeiros
séculos do Cristianismo. Simplesmente passamos por cima da história ao afirmar
de forma descontextualizada jargões como: A Bíblia é a palavra de Deus!, O
sangue de Jesus tem poder!, dentre outros. O título desse artigo é retórico, não podemos ignorar a história,
devemos também estudá-la, pois trata-se de uma tarefa extremamente importante àqueles que se
dizem Cristãos.