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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Importando "novos" velhos conceitos - O retrato de uma sociedade carente e doente

Minha vida de viagens a trabalho me leva com certa frequência por caminhos interessantes, promovendo não poucas vezes algumas crises e impactos culturais transformadores.
Como alguém com profundo amor pelo evangelho e sua universalidade, despido das vestes religiosas, procuro entender cada cultura e aquilo que as leva a crer no que creem hoje.
Hoje estive remoendo uma inquietação antiga que tenho com o movimento conhecido como “nova era”, que nada mais é do que uma releitura dos movimentos gnósticos dos tempos antigos, porém com uma nova roupagem e linguajar pseudocientífico.
Me chama muito a atenção a forma bastante peculiar como diversas pessoas da nossa sociedade estão em busca de novas experiências de conhecimento. Desde algumas bases da famosa e controversa PNL (programação neurolinguística), certas linhas de coaching, movimentos religiosos de cura e formação de sociedades sem enfermidades, releituras da hipnose, como bem me lembrou o amigo Pr. Pedrosa recentemente em uma conversa, até a interpretação hibrida, meio mística meio científica, de algumas linhas da física quântica.
O que toda essa sopa de conceitos e ideias diversas têm em comum? Me trazem à mente um paralelo com o Israel dos tempos de crise da monarquia. Tempos onde os postes de adoração dos deuses pagãos estrangeiros tomavam os montes e diversos locais por todo o país. Nesses tristes tempos já se percebia uma certa tendência de ignorar conceitos locais e supervalorizar o estrangeiro com suas crenças. Nestes tempos faz muito sentido a história de Naamã, oficial do exército Sírio, curado pelo profeta Eliseu. Reforça muito o fato de que enquanto o povo de Israel desvalorizava sua rica cultura e religião e supervalorizavam cultos pagãos, dentre o povo pagão, aqueles que abriam os olhos sobre o que acontecia com a própria sociedade vinham buscar a cura em Israel.
Vivemos em uma sociedade ocidental, hoje carcomida pelo hedonismo, a busca e satisfação pessoal a todo custo. porém que teve grande parte do seu auge e evolução diretamente vinculadas a história e ética judaico cristã, essenciais para o seu desenvolvimento.
Hoje em dia é muito sofisticado ler, ouvir e deliciar-se com conceitos espirituais importados de grandes mestres orientais oriundos de linhas indu/budistas. Mestres como Osho, Deepak Chopra.
Longe de dizer que são totalmente inúteis em sua filosofia e pensamento, porém a forma como absorvemos seus conceitos pelo simples fatos de serem estrangeiros famosos é no mínimo curiosa. Há uma tendência vinda de uma cultura elitista intelectual de classe média, de buscar novas emanações, e experiências.
Esses conceitos hoje tão badalados, são na verdade uma releitura de muitos pontos do hinduísmo indiano. A história nos mostra alguns fatos interessantes e curiosos, pois essas filosofias que tanto adoramos não serviram nem para amenizar os traumas de seus próprios países de origem. A índia, pais ao qual tive o privilégio de visitar alguns anos atrás, sofre muito. Não apenas da exploração de países ricos do passado como popularmente sabemos, mas principalmente das mazelas espirituais de uma religião que divide as pessoas em castas, cuja mobilidade social é praticamente impossível. Cujos mestres com suas grandes habilidades de isolarem-se do mundo, e propagar a tão badalada “busca interior”. Deixaram o país de origem isolado com suas mazelas para ganhar fama,  dinheiro e muita polêmica na cultura ocidental que os louva e os coloca até mesmos nos palcos corporativos. Lota seus cursos e palestras sobre administração, auto cura, transcendência e diversos assuntos. Poucos, como Gandhi merecem suas atitudes positivas citadas. Muitos são meros oportunistas de fato.
E curiosamente são nesses países, hoje, que o evangelho de Cristo mais cresce.
Nas redes sociais corporativas como o LinkedIn por exemplo, jorram conceitos e palestras transcendentais, novas experiências, palavras como meditação, o conceito de “mindfullness” e outros pensadores antigos como Buda por exemplo. Essas expressões são consideradas extremamente refinadas no meio corporativo. Porém experimente citar palavras e conceitos como: Oração, Jesus, bíblia. Serão taxados de ignorantes e fundamentalistas religiosos em muitas situações.
Não penso que o cristianismo precise de advogados de defesa, pois é um movimento que assim como na visão de Daniel a respeito do sonho de Nabucodonosor, cresce em proporções mundiais. Porém deixo como alerta aos já considerados cristãos o feitiço desses “novos” conceitos, na verdade tão antigos quanto a fala da serpente que prometeu o conhecimento dos “deuses”. As ênfases desses novos movimentos se baseiam em: Eu sou o Deus do meu próprio universo, a crença em um Deus exterior é limitante. Eu mesmo posso manipular minha realidade ao meu favor sem ajuda de “terceiros”. Vide o sucesso que "O Segredo" faz.
Que recobremos a coragem de questionar e não apenar ignorar, abrindo possibilidades relevantes da influência cristã na sociedade atual, para que, diferente da Europa,  o cristianismo não se torne museu. Cito como exemplo a Suécia, belíssimo país, sede da empresa que trabalho, que junto com outros países nórdicos ainda ostenta a cruz de Cristo em sua bandeira. Porém, ironicamente, muitos já se esqueceram da imensa importância do cristianismo por aqui. Uma sociedade agnóstica em grande parte hoje, pois seus antepassados que fortaleceram esse país tão próspero de bases cristãs, não souberam fazer a leitura adequada do tempo e comunicar essa fé saudável às futuras gerações.
É fácil ser agnóstico onde as bases morais já estão bem estabelecidas pelo cristianismo, porém poucos assumem isso.
Que o evangelho, assim como nos tempos de Paulo, no Areópago grego, debatendo e conversando com epicureus e estóicos, volte a ser anunciado com propriedade, que possamos dialogar com as filosofias do presente século com inteligência e não com linguagem de gueto, preso nas paredes dos templos. Que voltemos a falar de Cristo com coragem e poder que só o espírito santo de Deus é capaz de proporcionar.
Graça e Paz!
Carlos D. Franciscon

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