Minha vida de viagens a trabalho me leva com certa
frequência por caminhos interessantes, promovendo não poucas vezes algumas
crises e impactos culturais transformadores.
Como alguém com profundo amor pelo evangelho e sua
universalidade, despido das vestes religiosas, procuro entender cada cultura e
aquilo que as leva a crer no que creem hoje.
Hoje estive remoendo uma inquietação antiga que tenho com o
movimento conhecido como “nova era”, que nada mais é do que uma releitura dos
movimentos gnósticos dos tempos antigos, porém com uma nova roupagem e
linguajar pseudocientífico.
Me chama muito a atenção a forma bastante peculiar como
diversas pessoas da nossa sociedade estão em busca de novas experiências de
conhecimento. Desde algumas bases da famosa e controversa PNL (programação
neurolinguística), certas linhas de coaching, movimentos religiosos de cura e
formação de sociedades sem enfermidades, releituras da hipnose, como bem me
lembrou o amigo Pr. Pedrosa recentemente em uma conversa, até a interpretação hibrida,
meio mística meio científica, de algumas linhas da física quântica.
O que toda essa sopa de conceitos e ideias diversas têm em
comum? Me trazem à mente um paralelo com o Israel dos tempos de crise da
monarquia. Tempos onde os postes de adoração dos deuses pagãos estrangeiros
tomavam os montes e diversos locais por todo o país. Nesses tristes tempos já
se percebia uma certa tendência de ignorar conceitos locais e supervalorizar o
estrangeiro com suas crenças. Nestes tempos faz muito sentido a história de
Naamã, oficial do exército Sírio, curado pelo profeta Eliseu. Reforça muito o
fato de que enquanto o povo de Israel desvalorizava sua rica cultura e religião
e supervalorizavam cultos pagãos, dentre o povo pagão, aqueles que abriam os
olhos sobre o que acontecia com a própria sociedade vinham buscar a cura em
Israel.
Vivemos em uma sociedade ocidental, hoje carcomida pelo
hedonismo, a busca e satisfação pessoal a todo custo. porém que teve grande
parte do seu auge e evolução diretamente vinculadas a história e ética judaico
cristã, essenciais para o seu desenvolvimento.
Hoje em dia é muito sofisticado ler, ouvir e deliciar-se com
conceitos espirituais importados de grandes mestres orientais oriundos de
linhas indu/budistas. Mestres como Osho, Deepak Chopra.
Longe de dizer que são totalmente inúteis em sua filosofia e
pensamento, porém a forma como absorvemos seus conceitos pelo simples fatos de
serem estrangeiros famosos é no mínimo curiosa. Há uma tendência vinda de uma
cultura elitista intelectual de classe média, de buscar novas emanações, e
experiências.
Esses conceitos hoje tão badalados, são na verdade uma
releitura de muitos pontos do hinduísmo indiano. A história nos mostra alguns
fatos interessantes e curiosos, pois essas filosofias que tanto adoramos não
serviram nem para amenizar os traumas de seus próprios países de origem. A
índia, pais ao qual tive o privilégio de visitar alguns anos atrás, sofre
muito. Não apenas da exploração de países ricos do passado como popularmente
sabemos, mas principalmente das mazelas espirituais de uma religião que divide
as pessoas em castas, cuja mobilidade social é praticamente impossível. Cujos
mestres com suas grandes habilidades de isolarem-se do mundo, e propagar a tão
badalada “busca interior”. Deixaram o país de origem isolado com suas mazelas
para ganhar fama, dinheiro e muita polêmica na cultura ocidental que os
louva e os coloca até mesmos nos palcos corporativos. Lota seus cursos e
palestras sobre administração, auto cura, transcendência e diversos assuntos.
Poucos, como Gandhi merecem suas atitudes positivas citadas. Muitos são meros
oportunistas de fato.
E curiosamente são nesses países, hoje, que o evangelho de
Cristo mais cresce.
Nas redes sociais corporativas como o LinkedIn por exemplo,
jorram conceitos e palestras transcendentais, novas experiências, palavras como
meditação, o conceito de “mindfullness” e outros pensadores antigos como Buda
por exemplo. Essas expressões são consideradas extremamente refinadas no meio
corporativo. Porém experimente citar palavras e conceitos como: Oração, Jesus,
bíblia. Serão taxados de ignorantes e fundamentalistas religiosos em muitas
situações.
Não penso que o cristianismo precise de advogados de defesa,
pois é um movimento que assim como na visão de Daniel a respeito do sonho de
Nabucodonosor, cresce em proporções mundiais. Porém deixo como alerta aos já
considerados cristãos o feitiço desses “novos” conceitos, na verdade tão
antigos quanto a fala da serpente que prometeu o conhecimento dos “deuses”. As
ênfases desses novos movimentos se baseiam em: Eu sou o Deus do meu próprio
universo, a crença em um Deus exterior é limitante. Eu mesmo posso manipular
minha realidade ao meu favor sem ajuda de “terceiros”. Vide o sucesso que
"O Segredo" faz.
Que recobremos a coragem de questionar e não apenar ignorar,
abrindo possibilidades relevantes da influência cristã na sociedade atual, para
que, diferente da Europa, o cristianismo não se torne museu. Cito como
exemplo a Suécia, belíssimo país, sede da empresa que trabalho, que junto com
outros países nórdicos ainda ostenta a cruz de Cristo em sua bandeira. Porém,
ironicamente, muitos já se esqueceram da imensa importância do cristianismo por
aqui. Uma sociedade agnóstica em grande parte hoje, pois seus antepassados que
fortaleceram esse país tão próspero de bases cristãs, não souberam fazer a
leitura adequada do tempo e comunicar essa fé saudável às futuras gerações.
É fácil ser agnóstico onde as bases morais já estão bem
estabelecidas pelo cristianismo, porém poucos assumem isso.
Que o evangelho, assim como nos tempos de Paulo, no Areópago
grego, debatendo e conversando com epicureus e estóicos, volte a ser anunciado
com propriedade, que possamos dialogar com as filosofias do presente século com
inteligência e não com linguagem de gueto, preso nas paredes dos templos. Que
voltemos a falar de Cristo com coragem e poder que só o espírito santo de Deus
é capaz de proporcionar.
Graça e Paz!
Carlos D. Franciscon
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